Construindo a felicidade

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Não aguento mais! Onde encontro a felicidade?

A partir de uma reflexão, um tema muito vivenciado entre os seres humanos desde épocas muito remotas e nada melhor do que partir do princípio de Freud com a seguinte citação: “Entretanto, quanto menos um homem conhece a respeito do passado e do presente, mais inseguro terá de mostrar-se seu juízo sobre o futuro” (p. 15). As pessoas de modo geral têm dificuldade em olhar para seu presente, vida pessoal, atitudes, suas relações interpessoais ou no trabalho, o mesmo em relação ao passado, que muitas vezes desejam apagar o que não querem ver, ou mesmo realmente não lembram, tendo uma vaga lembrança do que se foi. Pensam que poderiam ter feito diferente, que realmente não sabiam o que estavam fazendo, ou que pouco importa, pois já aconteceu.

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O fato é como Freud colocou que “não somos donos da nossa própria casa” e que dentro do inconsciente não se sabe qual será o próximo passo, apesar de muitas vezes ignorar-se a intuição de que algo irá se repetir. O ser humano é sequioso de respostas, indagações de como será seu futuro, fantasiando que tudo será melhor, que fará diferente, esquecendo-se de que sem olhar para seu passado e para seu presente, a tendência será uma série de repetições que no final das contas será de muita insatisfação pelo que não deveria ter feito ou pelo que deixou de aproveitar. Esquece-se de que a vida não é feita de ilusões, mas precisa ser vivida mesmo diante de circunstâncias difíceis que virão o tempo todo, pois existe
algo muito maior que se chama natureza.

O homem está fixado no que Freud chamou de narcisismo, somente olha para si, mas não um olhar de reforma íntima ou crescimento, mas sim de um querer absoluto e imediatista. Apesar de a ciência ter evoluído e auxiliado as gerações, o ser humano se esquece das relações interpessoais, buscando apenas aparelhos mais sofisticados para sua satisfação. Sendo essa uma fantasia de completude, um prazer efêmero, fazendo-o buscar sempre mais. Essa busca além de trazer a frustração interna, faz com que permaneça belicoso com a natureza, mesmo sabendo que o perdedor será ele mesmo.

Como conseguir uma solução para essa angústia que atormenta as pessoas? Pode-se pensar que a fé tem sido uma aliada, aliviando as dores, mas, mesmo assim, muitas pessoas ainda sentem um vazio, uma angústia, uma dor que se torna física, mas que inicialmente não encontra vestígios num consultório médico, e fica-se com a seguinte receita: “Você está estressado! Tome uma pílula da felicidade, afogue suas mágoas, esqueça os problemas, durma sem sonhar que poderá um dia mudar sua vida!” Num primeiro instante parece ser a solução, volta-se a dormir, sente-se mais calmo. Ou será que está na verdade, “zumbizando” durante o horário de trabalho? Então a sujeira debaixo do tapete começa a aparecer, atos falhos, esquecimentos, chefe cobrando, a família cobrando, não se brinca mais com os filhos, só se grita ou se cobra, só se tem vontade de dormir, dentre vários canais com assuntos diferentes você não se interessa por nenhum, pronto ela chegou: sua depressão! E agora, o que aconteceu? Você se pergunta: Fiz tudo o que o médico falou, tomei a pílula, cortei alguns alimentos, nem todos claro, um chocolate às escondidas, voltei a fazer atividade física, tudo bem que falto mais do que vou, bebo agora só nos finais de semana, que mal há em beber uma cervejinha com os amigos? O problema é que minha gastrite voltou, tenho pressão alta, o fígado não está bom e meu mau humor nem se fala! O que há de errado? Todos parecem tão felizes, eu os vejo no facebook, na televisão, no meu vizinho! Então como não se dar conta da própria vida? Olha-se a do vizinho, dos filhos, da sogra, do colega de trabalho, dizendo que toda a culpa é dos pais que fizeram ou deixaram de fazer algo.

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Sabe-se que nos homens existem tendências destrutivas, com isso, na sociedade, encontramos indivíduos cada dia mais doentes, não aceitam proibições, regras ou leis. Finalmente percebe-se que as pessoas encontram-se fadadas à frustração e à insatisfação. Será mesmo esse o fim? Nesse mundo não existe felicidade? Para finalizar Freud coloca: “Gerações novas, que forem educadas com bondade, ensinadas a ter uma opinião elevada da razão, e que experimentarem os benefícios da civilização numa idade precoce, terão atitude diferente para com ela. Senti-la-ão como posse sua e estarão prontas, em seu benefício, a efetuar os sacrifícios referentes ao trabalho e à satisfação instintual que forem necessários para sua preservação” (p. 18). O exemplo mostra práticas saudáveis e que pode-se plantar sementes de solidariedade, capacitando uns aos outros, solidificando uma consciência construtiva para que a sociedade busque aliar-se às leis naturais, lutando pela própria vida. Existe uma explicação para todas essas dores e enfermidades, que não tem origem fisiológica, uma explicação que a Psicanálise pode mostrar. Não é com uma pílula que as coisas se resolverão, mas sim com atenção, respeito, confiança. O processo psicanalítico pode mostrar as respostas, que na verdade, estão muito mais próximas do que se imagina.

Tente! Dê o primeiro passo! Pegue o telefone e ligue para o IBCP, estamos prontos para ouvi-lo. Busque a direção da sua vida, somente você pode decidir o melhor para sua vida.

Referência:
FREUD. Sigmund. O futuro de uma ilusão, o Mal-Estar na Civilização e outros trabalhos (1927-1931). Coleção Imago. Vol. XXI

Natália Tesouro Pereira
Psicanalista

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