Ansiedade Infantil

por

Por Dolores Araújo – Psicanalista e Psicoembrióloga

Qual a origem da ansiedade e do estresse infantil?

De que forma a criança pode expressar que a intensa rotina diária da atualidade está lhe causando ansiedade e estresse?

É cada vez mais comum pais angustiados chegarem aos consultórios, queixando-se de que suas crianças estão “impossíveis”, agressivas, desobedientes, agitadas ou quietas demais, entre outros. Preocupados e empenhados em oferecer tudo de melhor aos filhos, os pais buscam ajuda a fim de entenderem o que de fato está acontecendo. É difícil educar os filhos? Está difícil ser criança também! Não está fácil para ninguém!

Os filhos dessa nova era usufruem das conquistas do mundo moderno (mais virtual que virtuoso) e certamente serão protagonistas do muito que ainda está por vir. A evolução da raça caminha a passos largos. A equação de tempo e espaço deixou de ser uma complexa fórmula, depois que o advento da internet rompeu tantas barreiras e é possível estar em lugares diferentes e distantes ao mesmo tempo, ou comprar coisas, virtualmente, em qualquer parte do mundo sem sair do lugar. Simples assim.

Sobreviver nesse mundo, cuja tecnologia está presente em todos os setores, proporcionando comodidade, agilidade e praticidade não é tão simples e tem seu preço. Do ponto de vista da criança, o preço a ser pago, muitas vezes, desmedido e desproporcional vai no sentido da infância roubada, na qual o brincar e o brinquedo se confundem com o desejo e expectativa que essa criança tenha sucesso e seja bem-sucedida profissionalmente. Claro que não há nada de errado no anseio pelo sucesso dos filhos, entretanto é preciso ficar atento para o fato de que tanto a gestação como a infância são fundamentais para o desenvolvimento psíquico e físico do indivíduo.

Se há recompensas nesse mundo cheio de oportunidades, há também bastante sofrimento que, não raro, passa desapercebido ou é tratado como: “Ah! Isso é coisa de criança”. Se é verdade que hábitos e costumes da sociedade moderna mudam rapidamente, a Ciência de maneira geral tem mostrado que as demandas da infância, em sua essência, continuam sendo as mesmas, isto significa que crianças são apenas crianças e não adultos em miniaturas.

Diferentemente dos adultos, a criança não tem linguagem maturada o suficiente para verbalizar a ansiedade e o quase esgotamento psíquico e físico, em decorrência dos tensionamentos gerados pela separação dos pais, ingresso ou mudança de escola, chegada do irmãozinho, traumas por violências, conflitos ou doenças de familiares, luto, superproteção, desejo em agradar os pais, bullying, sobrecarga de atividades, hiperestimulação, etc. A precocidade infantil tem se mostrado também em relação às doenças como diabetes e a hipertensão.

Ainda que, em alguns casos, a infância tenha passado desapercebida ou invisível, a criança sempre acionará mecanismos internos e ao seu modo vai expressar que alguma coisa está errada. Dores abdominais, enurese, dor de cabeça, insônia ou sono excessivo, pesadelos, medo, agressividade, rebeldia, apatia, aumento ou perda de apetite são algumas das formas que a criança pode ter encontrado para pedir socorro e revelar o quanto tem sofrido.

Contudo, é imprescindível destacar que a ansiedade e o estresse fazem parte da vida. Para a psicanálise, é no nascimento que o ser humano vivencia a sua primeira sensação de ansiedade e estresse. O pai da Psicoembriologia – Professor Dr. Wilson Ribeiro – vai além e atesta que durante a gestação os bebês podem fazer registros de ansiedade e estresse em função das experiências vividas pela mãe, que poderão se perpetuar ao longo de sua história. Por isso a importância da gestação dirigida acompanhada por um profissional Psicoembriólogo.

Carga horária exaustiva, trânsito carregado para chegar à escola, aparelhos eletrônicos substituindo brinquedos, terceirização de cuidados, falta do ócio, cobranças e expectativas de sucesso, distanciamento da natureza, alimentação pouco saudável. Como seria para você essa rotina? Como imagina que seja para o seu filho?

A nossa recomendação é que os pais ou responsáveis fiquem atentos às mensagens que a criança tem transmitido, na linguagem que lhe é possível, para expressar que a sua mente e seu corpo físico em formação não estão suportando a pressão que lhe está sendo imposta.

Asseveramos, a partir da rotina e experiência clínica no atendimento de gestantes, crianças e adultos, que o tratamento adequado pode poupar angústia e sofrimento desnecessários para pais e filhos.

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