Carl Gustav Jung e a Psicologia Analítica

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por Maria Inês Mattos | Psicanalista e Psicoembrióloga

Psiquiatra e psicoterapeuta, Carl Gustav Jung foi o fundador da psicologia analítica. Dedicou-se aos estudos da psique humana, contribuindo, significativamente, para a psicanálise.

Iniciou seus estudos na Basiléia, Suíça, e concluiu a faculdade de medicina em 1900, partindo, neste mesmo ano, para a cidade de Zurique, a fim de ocupar o cargo de assistente no Hospital de Burghölzli, passando a trabalhar ativamente com o psiquiatra Eugen Bleuler que empreendia estudos sobre demência precoce

Jung trabalhou como pesquisador e colaborador de Bleuler, apresentando sua tese de doutorado em 1902, intitulada “PSICOLOGIA E PSICOPATOLOGIA DOS ASSIM CHAMADOS FENÔMENOS OCULTOS” e, na sequência, publicou “ESTUDOS SOBRE ASSOCIAÇÕES”, em 1906; “A PSICOLOGIA DA DEMÊNCIA PRECOCE” em 1907 e “O CONTEÚDO DAS PSICOSES” em 1908.

O primeiro contato de Jung com a psicanálise foi no ano de 1900, quando o seu mestre Bleuler sugeriu, para as pesquisas da demência precoce, a leitura do livro “INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS” de Sigmund Freud.

Jung passou a trocar correspondências com Freud, sendo que o primeiro encontro ocorreu em 27 de fevereiro de 1907, quando viajou para Viena. A visita se prolongou por treze horas de conversa, estabelecendo-se estreita relação entre ambos.

Freud e Jung compareceram juntos às comemorações do vigésimo aniversário da Clark University em outubro de 1909, nos Estados Unidos, onde Freud pronunciou as cinco conferências sobre psicanálise e Jung apresentou seus trabalhos relativos às associações verbais. Em seguida, por influência do pai da psicanálise, Jung foi eleito o primeiro presidente da Associação Psicanalítica Internacional (IPA), fundada em 1910.

Entretanto, a estreita colaboração entre ambos durou até 1912, em decorrência de divergência conceitual, quando da publicação por Jung do livro chamado “METAMORFOSES E SÍMBOLOS DA LIBIDO”, o que os levou a seguirem caminhos diferentes para o diagnóstico e tratamento dos problemas mentais.

 

Jung prosseguiu sua jornada abrindo uma nova etapa da sua vida: rompeu os laços com o grupo psicanalítico e voltou-se, especialmente, à autoanálise e às experiências interiores da psique. Foi então que denominou sua teoria de Psicologia Analítica.

Um dos conceitos fundamentais da Psicologia Analítica é o processo de individuação, assim definida por Jung: “A individuação é o processo de formação e particularização do ser individual e, em especial, é o desenvolvimento psicológico como ser distinto do conjunto da psicologia coletiva. É, portanto um processo de diferenciação que objetiva o desenvolvimento da personalidade individual”.

O processo de individuação não ocorre de forma linear, ao contrário é um movimento de circunvolução que conduz a um centro psíquico. A espiral de Arquimedes, que obteve esse nome do matemático grego Arquimedes de Siracusa (287- 212 ac), caracteriza a linha curva que descreve várias voltas em torno do centro, retratando o processo da individuação.

Destaca-se a última obra de Carl Gustav Jung “MEMÓRIAS, SONHOS e REFLEXÕES”, escrita aos 83 anos, nela ele menciona: “minha vida é a história de um inconsciente que se realizou.”, ficando assim revelada a grandeza e a dedicação da jornada de invididuação desse ilustre pensador.

Espiral de C. G. Jung

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