Dente de leão
por Eliana Viana | Psicanalista
Existem diversas histórias sobre a planta da família Taraxacum oficinalle, conhecida como “dente-de-leão”.
Desde a antiguidade é apreciada como erva medicinal, alimento exótico, e não pára por aí, segue como símbolos na imaginação dos adultos e ganha formas diversas nas brincadeiras das crianças.
Na Itália é conhecida como soffione que significa Flor que se assopra. Na França como dandellion, no Brasil como, “Chicória selvagem”, “Dente de leão”, “Esperança” entre outros… Mas afinal o que tem a ver essa planta com o que se vai tratar aqui?
Imagine uma dente de leão na mão de uma pessoa, e que cada pluma existente nesta planta, cada guarda-chuvinha, trata-se de seus “pensamentos, ideias, vontades, desejos, sonhos”. E, por alguma razão, essa pessoa, na figura desta planta (dente de leão), fosse acometida por uma repentina ventania?
Pronto! Os pensamentos, as vontades, os desejos, os sonhos representados por estas plumas escapariam pelas próprias mãos desta pessoa.
Nesse sentido, estamos todos sujeitos a algum momento, de repente, sermos alcançados por surpresas indesejáveis, como um simples sopro ou os ventos contrários, fazendo-nos, muitas vezes esquecermos de nossos sonhos e da vontade de seguir adiante, esta que se esvai como as “plumas” desta flor, ganhando distância mesmo que se lute velozmente para capturá-las neste sonho.
E o “desejo pulsante”, que continua dentro de cada um, se torna cada vez mais oprimido, desencadeando na “alma” enfermidades refletidas no ser como um todo. Isso ocorre porque mesmo o sujeito acreditando que tem força para seguir em frente, não consegue enxergar além da dor que está vivendo. Essa dor impressa na alma se expressa no corpo sendo a maneira que se encontrou para chamar a atenção
Não se quer aqui diminuir a dor alheia muito pelo contrário, “olhar para a dor, tratá-la com respeito”, é o chamado! Pois, é nela mesma que encontra-se a energia vital que alimenta toda sorte de angústia, medo, raiva, etc.
Portanto, somos resultado de desejo em estado profundamente pulsante, logo, somos seres desejantes em contínua ação. Permita-se o “processo de autoconhecimento” e conduza as plumas de outrora para uma “consciência” capaz de transformá-las em escolhas que te possibilite a reconhecer a “vida” que ainda existe e pulsa dentro de você.