Depressão, a dor da alma

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Por Wilson Garcia | Psicanalista

O tema depressão vem assustando cada vez mais as pessoas, tanto aquelas que são acometidas por essa enfermidade quanto seus familiares, que muitas vezes desconhecem os sintomas e a intensidade deste transtorno, também conhecido por muitos como a “dor da alma”. A importância do assunto é tamanha que foi até mesmo tema da campanha da organização mundial da saúde (OMS) para o Dia Mundial da Saúde de 2017.

Os números são alarmantes e atingem o mundo todo, sem distinção de classe social, raça, idade ou gênero. O assunto é sério!

Estima-se que no mundo existam 350 milhões de pessoas que sofrem com este transtorno. Por ano, cerca de 800 mil pessoas se suicidam em decorrência de fortes crises depressivas. O suicídio é a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos.

No Brasil, a depressão atinge 11,5 milhões de pessoas (5,8% da população).

A ciência já comprovou que a depressão ocorre por um distúrbio químico cerebral, no qual os neurotransmissores são reduzidos nas sinapses das células nervosas. Com isso, há a instalação de um humor deprimido e do sentimento de tristeza, vazio ou de falta de esperança.

De maneira geral, grande parte das pessoas em volta do deprimido desconhece o transtorno. Muitos acham que o quadro se resume à “frescura”, má vontade e preguiça, e, em vez de ajudar o deprimido, criam uma situação mais tensa.

Normalmente, quando as pessoas têm dor de dente ou de estômago, por exemplo, elas procuram um dentista ou um gastroenterologista, a fim de investigar e contribuir com a melhora da saúde. As questões da mente não são diferentes. É de fundamental importância a busca da ajuda de profissionais focados em um tratamento, que é muitas vezes multidisciplinar.

O médico é o profissional capacitado para diagnosticar e medicar estes pacientes. Dependendo do caso, ele vai contribuir muito com o equilíbrio químico cerebral do paciente ao administrar antidepressivos.  Porém, não se deve esquecer e perder de vista a investigação da causa primária e fonte geradora daquele distúrbio.

A terapia é um processo fundamental para a contribuição das descobertas que estão guardadas a sete chaves no inconsciente.  Cada pessoa com suas experiências de vida, principalmente as de  primeira infância, vai armazenando vivências na mente, parte no consciente e muita coisa no inconsciente, que é a maior parte do complexo psiquismo.

O ser humano está em constante busca de prazer. Isto significa que consciente ou inconscientemente, foge de dores conquistadas dentro de suas vivências. Assim sendo, aquela dor vai pulsar de dentro para fora, e se não tratada, vai se transformar em enfermidade. É como se a pessoa olhasse para trás e visse uma sombra escura dela mesma, se assusta e sai correndo. Enquanto corre, aquela sombra vai aumentando de tamanho e cada vez mais vai ficando difícil essa pessoa querer olhar para esta sombra.

A psicanálise pode contribuir para fazer a pessoa olhar para a sombra, parar, abraçá-la, deixar de lutar contra ela, quem sabe transformá-la numa pequena sombra de fácil convivência.

A pessoa só consegue mudar o que conhece. E para mudar algo que lhe faz sofrer, tem que ir ao encontro dele para entender. Quando entende, se apropria de uma verdade, traz para o consciente, toma uma decisão do que vai fazer com esta descoberta.

Às vezes, o ser humano não quer olhar para algumas questões por ter certeza de que é um dragão em sua vida. Porém, quando o enfrenta, descobre muitas vezes se tratar de uma pequena lagartixa.

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