Envelhescência – os desafios da longevidade

por

Cristina Costa | Psicanalista

Um dos grandes desafios para o ser humano, na atualidade, é a longevidade. Graças aos avanços da medicina, ao controle de epidemias, à melhoria da qualidade de vida de grande parte da população e a um conhecimento maior daquilo que encurta a vida, a cada geração, avançamos na sobrevivência dos mais velhos. Segundo o psiquiatra Paulo Gaudêncio, isso tem implicações profundas no perfil de distribuição etária da população – antes, havia muito mais crianças do que idosos, cujas estatísticas formavam um triângulo de base bastante larga. Hoje, a base, relativa ao número de crianças, diminui e o vértice, correspondente à quantidade de idosos, se amplia.

Essa mudança ocorre porque, ao lado da maior longevidade dos mais velhos, temos convivido com a diminuição da taxa de reprodução populacional, isto é, com menos nascimentos de crianças. Em algumas regiões do Brasil, assim como em países desenvolvidos, a taxa de natalidade dificilmente chega a dois filhos por casal, especialmente nas faixas da população de maior renda e formação escolar e profissional.

Nesse cenário, os chamados idosos, acabam tendo um novo papel e uma nova imagem na sociedade – tornam-se arquivos de experiência e conhecimento. Essa longevidade traz questões existenciais importantes – o que fazer com os quase inesperados dez ou vinte anos que os longevos encontram pela frente ao encararem a plena maturidade? Como replanejar a vida numa sociedade que apresenta um ritmo acelerado de mudanças e um dinamismo cada vez mais intenso?

A psicanálise pode ajudar muito essas pessoas longevas, nesse período que estamos chamando de envelhescência – uma nova etapa de transformação como a adolescência. Esses idosos trazem consigo muitas experiências – umas boas, outras mais difíceis, experiências essas nem sempre elaboradas adequadamente do ponto de vista afetivo, emocional e psíquico. Avaliar essas experiências, relembrar as etapas da vida, reavaliar os sonhos, construir uma narrativa que dê sentido ao já vivido, é muito importante para que essas pessoas possam fazer escolhas pertinentes, exequíveis e úteis para elas e para o seu entorno.

A reinserção de pessoas longevas nessa sociedade, que tem muito a ganhar com seu conhecimento em atividades profissionais e sociais, pode fazer desse tempo de vida, que o desenvolvimento da sociedade constituiu, uma experiência compensadora e renovadora que contribua para a valorização do passado, do presente e do futuro.

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