A Fadiga do Retorno

por Roseana Coelho / Psicanalista

A recente retomada das atividades presenciais tem causado vários efeitos psíquicos, dentre eles ansiedade e especialmente cansaço.
Em 2020 foi preciso uma adaptação rápida, sem preparo, para uma situação não vivenciada antes, de enclausuramento, distância da vida do modo que era conhecida e um estado de alerta constante.

Agora, dois anos depois, é preciso retomar, voltar à vida de antes, que não existe mais. A cobrança para voltar ao que era tem causado ansiedade e tristeza à muita gente. Um luto, não vivenciado, de uma realidade que foi modificada.
Fala-se em retornar, mas para onde? É tudo diferente e é necessária uma nova adaptação.

Esse movimento de adaptação e readaptação causa exaustão mental e física, e confusão, pois a ameaça da pandemia não acabou e o estado de alerta continua. Tanto com a COVID-19, quanto com outras situações, que se desenham mundialmente, como a da varíola.

A sensação de fadiga crônica, em que não há sensação de descanso, tem sido uma das queixas mais frequentes ultimamente. Além da exigência da retomada, há a ilusão de que é possível voltar como se nada tivesse acontecido, causando uma cobrança intensa de que é necessário ser eficiente e dar conta de tudo.

O excesso de informação, a conexão digital durante 24 horas, a cobrança por estar atualizado e disponível, responder às demandas do trabalho, da família, dos amigos, o home office, que tirou os limites entre trabalho e casa, tudo influencia na exaustão.

Como disse Clarice Lispector, ser extremamente ocupado, tomar conta do mundo, cansa.

O momento é de acolhimento de sentimentos e sensações. É preciso olhar para si com serenidade e buscar as melhores formas de lidar, encontrar o equilíbrio e a velocidade ideal para caminhar por esse novo caminho.

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