Ah! Se eu tivesse de beleza o que tenho de sono, como eu seria feliz!
Estou que é só o pó! Vou dormir e amanhã acordarei novinha em folha!
Triste ilusão, o amanhã chegou! É hoje e tenho a vontade de descansar de dia para poder dormir a noite!
Sonho que estou trabalhando, incansavelmente. Acordo com a sensação de que perdi a hora, bem no dia do meu descanso: domingo!
Estou inserida naquele grupo que trabalha alegre e radiante na sexta-feira e no dia do descanso dominical, sinto uma tristeza se instalar, acompanhando o pôr-do-sol, trazendo a noite e me aproximando da, infeliz, segunda-feira.
Diante destes desabafos há uma pergunta que não quer calar;
_Se eu trabalho para ter como viver, porque me mato de trabalhar?
É claro que estas colocações só têm um nome: estresse. Nossos corpos físico, mental e emocional precisam de tempo para digerir todas as experiências, informações, sensações e afetos vividos, e de uma maneira natural não está conseguindo.
Há tempo de semear e tempo de colher. Trazer para nossas vidas este contexto não é regredir. É pedir a si mesmo tempo necessário para se recompor, para sentir a vida e fazer dele nosso aliado e não algoz.
É tirar férias! Il dolce far niente (o fazer nada) que nos permitirá olhar para o céu e ver as nuvens formando desenhos incríveis, que só os simples de coração sabem observar. É sentir o calor, a brisa, a chuva que cai lavando nossa alma e se permitir sentir. Viver as mudanças do tempo na nossa querida São Paulo, que generosamente satisfaz e desgosta a todos, oferecendo as quatro estações do ano num dia só.
Quantos de nós percebemos estas alterações? Quantos de nós saímos do mundo virtual e vivemos nossas sensações dando deste modo, trégua às preocupações, às exigências da vida, aos “tem quês”, dizendo a eles:
_ Eu te vejo, sinto muito, mas agora dou férias a vocês! Estou do lado da vida!
E ao me recompor, usufruindo inclusive das festas de final de ano, o trabalho será com toda a certeza, o melhor presente para ir ao encontro de Confúcio ao afirmar que:
_ “ Escolha um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida. ”
Será que todo este cansaço, esse estresse, não tem origem na falta de amor pelo que faz?
Que o Ano Novo seja, para todos, o reflexo do seu trabalho exercido com amor!
Em nome do IBCP Psicanálise
Bete Ruivo
Psicanalista Didata