A gestação saudável e a psicoembriologia

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por Dolores Araújo | Psicanalista e Psicoembrióloga

O estudo da vida do bebê antes do nascimento foi uma premissa básica que norteou as pesquisas de Wilson Ribeiro e fez com que ele desenvolvesse a gestação dirigida e a psicoembriologia, cujo resumo significa utilização de técnicas aplicadas em gestante, visando o seu preparo mental e físico durante o período de gestação, a fim de proporcionar segurança e tranquilidade à mãe e ao bebê.

A psicoembriologia parte do princípio de que a vida começa no momento em que o espermatozoide alcançou o óvulo e se deu a fecundação, e que já no início deste processo, o ser em formação faz os seus primeiros registros.

Simples assim? Não! Para chegar ao óvulo (maior célula do corpo humano), um espermatozoide se submeteu a uma trajetória, na qual força, energia e agilidade foram determinantes, que o impulsionou a percorrer o complexo caminho, no qual um expressivo exército formado por mais de 500 milhões de outros espermatozoides concorrentes estava disposto a ganhar essa batalha que somente os fortes e os bons são capazes de vencer. Dessa forma, foi selado o mais importante encontro da história de cada um de nós.

Realizar tal encontro que materializou o desejo do pai e da mãe (mesmo que eles não saibam) já é um indício forte para o sucesso. Foi assim que se deu o início dos bilhões de seres humanos que habitaram e habitam o globo terrestre desde a sua origem.

Uma vez superada essa etapa intensa e arriscada, forma-se o cordão umbilical, principal veículo de alimentação, por onde circulam quase 300 litros de sangue/dia, hormônios e oxigênio.  Ele é o elo da ligação física e psíquica entre a mãe e o feto.

De verdade? É muito mais que uma ligação, trata-se de uma interação celular e psíquica entre ambos, uma simbiose que vai se transformar em vínculo, através de um fio invisível, que se perpetuará pela vida inteira, de todos os seres humanos.  Pai e mãe habitam o nosso ser através das nossas células pois somos 50% pai e 50% mãe, e viverão em nós enquanto vivermos.

O alimento do bebê, no entanto, não se restringe a sangue, hormônios e oxigênio.  Além desses itens, essenciais, a mãe pode transferir, também: sensações, emoções, traumas, informações, crenças, valores, etc.

Os bebês se alimentam, aceitam e registram, sem filtro, tudo o que vem da mãe. Por isso, Wilson Ribeiro já falava na década de 60, sobre a importância de a mãe estar atenta às suas emoções e também ao meio em que vive.

O professor Wilson Ribeiro aprofundou-se no que denominou de memória celular.  Somos todos herdeiros das gerações que nos antecederam.  Só estamos aqui graças a eles, que nos deixaram legados, não só do ponto de vista genético/biológico, como também do ponto de vista de crenças, costumes e valores. Cada um, em seu tempo, contribuiu para a construção desse mundo contemporâneo, assim como estamos fazendo para as gerações futuras.

O fato é que para a psicoembriologia, cuja visão é o ser integral, a educação começa na barriga, e o trabalho do psicoembriólogo é sempre em favor da vida, destacando e reforçando, desde o ventre materno, a capacidade, inerente a todos, a auto imunização do organismo contra doenças físicas e psíquicas.

Utilizando código específico de comunicação, o bebê responde e se manifesta. O trabalho vai se desenvolvendo e a mãe vai assimilando e sentindo a importância de conversar com o seu bebê, de explicar-lhe que determinadas emoções, (ansiedade, medos, preocupação, inseguranças, raivas frequentes no período gestacional, não têm nada a ver com ele, o bebê. São questões da mãe, as quais só ela pode resolver.

O melhor lugar para o bebê estar, até que se desenvolva, é o ventre materno, que disponibiliza tudo o que ele precisa. Cabe ao bebê fazer a sua parte: continuar crescendo e se desenvolvendo.

É parte da rotina do profissional de psicoembriologia esclarecer e reiterar ao bebê e, às vezes, a algumas mães também, que ele é fruto do desejo consciente ou não da mãe e do pai.

Por outro lado, a psicoembriologia resgata, também, por mais óbvio que seja, que o corpo feminino foi feito para gestar, dar à luz e amamentar e que as suas células sabem bem o que deve ser feito em cada fase da gestação. Falas como essas acolhem os receios e medos que rondam a gestante em relação ao parto, tranquilizando-a e preparando-a para um dos momentos mais importantes de sua vida, quando a vida poderá ser celebrada sem tantos sofrimentos e traumas para a mamãe e o bebê.

A maternidade, reitera Wilson Ribeiro, é força criadora inata da mulher, um dom.  A mulher que gesta deve preparar-se, integralmente – corpo e mente – e redobrar os cuidados, tendo em vista que o seu bebê se nutre de tudo do que ela se alimenta, física e psiquicamente.

O bebê que está sendo gestado ou já nascido passa a integrar o Sistema Familiar do pai e o Sistema Familiar da mãe, e a partir de então começa a compor a sua história. Esses Sistemas, determinantes na forma como essa história poderá ser escrita, são resultados das experiências vividas por todos aqueles, além dos pais e avós, que antecedeu o bebê, que é, efetivamente, o paciente do psicoembriólogo.

A psicoembriologia sistêmica atua com o bebê, desde a barriga, estabelecendo a ordem em relação aos atores dos Sistemas Familiares e o lugar que o bebê ocupa neles, aos quais pertence e aos quais, mesmo inconscientemente, são leais. Nesse sentido, olhar para os ancestrais e honrá-los, os pais estão ensinando aos seus filhos, desde a gestação, a importância do respeito e da gratidão.  

Naturalmente, pode haver questões, relacionadas às crenças limitantes que têm atravessado gerações e que podem interferir, negativamente, em escolhas que levam em direção à vida, ao sucesso. Mas essas crenças podem ser filtradas e interrompidas através do trabalho da gestação dirigida.

Nas relações que se estabelece do novo grupo familiar que está se formando a partir da gestação, a ordem do lugar que cada um deve ocupar e o equilíbrio são tão importantes quanto o amor que une os membros. Na realidade o amor que moveu tantas gerações quando honrado flui e gera a gratidão, e a gratidão impulsiona no sentido da vida. A ordem, o equilíbrio, o amor e a gratidão geram saúde física e psíquica. Nesse sentido, o IBCP, através da psicoembriologia Sistêmica é um dos apoios necessários à mulher que se preocupa com uma gestação segura, tranquila e equilibrada. Nosso Instituto oferece um serviço para os pais, comprometidos, em gestar e educar crianças melhores para o mundo.

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