Ponto cego
Nós, humanos, começamos a reconhecer nossa imagem no espelho por volta de 1 ano de idade, antes disso uma criança não associa a figura refletida a si mesma. Passamos por um processo que Lacan chamou de estádio do espelho, é o instante mental em que a criança capta a percepção sobre a unidade de seu corpo. A partir daí, esta imagem passa a ser nossa auto representação, que nem sempre corresponde a imagem real, mas é essa representação que temos de nós mesmos que carregamos pelo mundo. O problema é que ela pode ser alterada diante do real. Um exemplo é a anorexia, um transtorno de representação pessoal, o corpo que a pessoa sente é maior que o real, ele se representa enorme. Como constituímos nossa imagem então?
Esta imagem não nasce de dentro pra fora, mas de fora pra dentro, estamos no ponto cego de nós mesmos.
A noção de quem somos vem através do olhar do outro, é através dele que me percebo amado ou odiado, capaz ou incapaz, legal ou chato, confiável ou não. Podemos nos nomear como quisermos, mas só quem nos certifica sobre o que somos ou não são os outros, ou seja somos alimentados pelo reconhecimento.
O complicado é o quanto, por quem e como isto é comunicado.
Quando alguém amado e confiável gosta de nós, imediatamente nos sentimos especiais, se somos amados, isso nos torna amáveis para outros, mas no caso de sermos desprezados, sentimos o fracasso. Encarnamos a leitura que se faz de nós e a arrastamos pela vida. A representação pode tomar vários caminhos.
Então quem somos? Como tomar conhecimento disso?
O autoconhecimento precisa de interlocução, não somos capazes de nos conhecer sozinhos, é na relação com o outro que aprendemos sobre nós. Este é o caminho que uma análise percorre, onde está o ponto cego e o que ele oculta? Quais são os potenciais e as dificuldades que não somos capazes de enxergar em nós mesmos?
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