Os reflexos da pandemia nas crianças e adolescentes em fase escolar

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por Ana Lúcia Ferreira | Psicanalista

A pandemia do COVID-19 que assola o planeta desde 2020, deixou cerca de 40 milhões de estudantes brasileiros sem a possibilidade de aula presencial, gerando um impacto para a educação no país.

O uso da tecnologia para que as aulas pudessem acontecer à distância foi necessária para que o ano letivo não fosse perdido. Contudo, a desigualdade entre escolas públicas e privadas, assim como a desigualdade das oportunidades, só fizeram com que os estudantes fossem colocados em patamares de acesso à educação muito diferentes.

O prejuízo vai além do desenvolvimento pedagógico, uma vez que a saúde dessas crianças e jovens é impactada negativamente, o que pode ser constatado ao observarmos um aumento significativo do atendimento nos consultórios psiquiátricos e na procura por atendimento psicológico e psicanalítico.

O ir e vir da escola, o aprender, o conhecer, o fazer, o conviver, o ser e a rotina, foram bruscamente interrompidos e com isso o estresse emocional foi se instalando de maneiras diferenciadas em grande parte desses alunos, sendo um fator de risco para o surgimento de transtornos mentais.

Nesse contexto, as crianças são bombardeadas por informações, por sentimentos e emoções dos adultos, além do isolamento social, propiciando assim o aparecimento de emoções como sinais de estresse (medo, insegurança, irritação, insônia, etc.). A partir daí, podemos elencar inúmeros prejuízos à saúde física e psíquica: sedentarismo, transtornos alimentares, alterações comportamentais, sintomas psicossomáticos, distúrbio do sono, depressão, ansiedade, síndrome do pânico, entre outros. Ou seja, uma dor psíquica que se instala no corpo e provoca modificação no comportamento.

Não há aqui um julgamento quanto a decisão da família sobre o retorno das aulas presenciais, pois cada família tem uma demanda específica. O que importa é ter um olhar atento sobre o impacto desse momento, não somente nas crianças e adolescentes, mas também no adulto que cuida, que convive com elas, principalmente pais e professores. Afinal, quem cuida precisa estar emocionalmente saudável.

Estar atentos aos sinais e proporcionar um cuidado significa acolher essa criança, estabelecer diálogo franco, sem mentiras ou que induza a pensamentos fantasiosos, amparar, ouvir atentamente, transmitir segurança, ensinar a aprender com adversidades, ou seja, estabelecer um ciclo positivo fortalecendo o emocional desse ser humano fragilizado.

Todo movimento para garantir a saúde emocional e psíquica do indivíduo deve ser valorizado e a busca por um profissional que promova o fortalecimento emocional é imprescindível não somente nesse momento, mas também para a vida pós-pandemia.

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