A indústria da felicidade produzindo depressão
Surge nos anos 80 a neurolinguística, uma parte da ciência que estuda a elaboração cerebral da linguagem e os distúrbios clínicos originados por conta de suas alterações, propondo a reprogramação dos padrões cerebrais pela linguística e a fisiologia. Propondo também um novo modelo para o processo de mudança a partir do conhecimento do funcionamento cerebral e sua interação com a mente, pensamentos, emoções e comportamentos.
Em 2010 é publicado o livro “O jeito Harvard de ser feliz”, a obra “não discute apenas como ser mais feliz, trata de nos ensinar a colher os frutos de uma atitude mental mais positiva que proporcione efeitos extraordinários no nosso trabalho e na nossa vida.” O conteúdo rapidamente se torna a base da autoajuda.
Existe agora uma fórmula para a felicidade ao alcance de todos, a felicidade é possível. Tem uma ciência que ensina!
O problema é que quando dizem que todos podem ser felizes, imediatamente nos sentimos obrigados a ser. Por que não? No caso de alguém não ser, isso o tornaria doente, alguém visto como sem vontade e empenho em buscar a felicidade, fraco, afinal é algo que está ali, basta seguir as regras.
Uma pessoa que sofre de depressão, além da doença, agora tem a vergonha, por ser tomada como incapaz. Impera a necessidade de garantir a performance, fazer sucesso, e ser muito feliz o tempo todo. A angustia é vista como uma falha moral, um erro, uma fraqueza.
Só depende de você, significa que se não acontecer, a culpa é sua.
Essa ilusão, de que podemos controlar tudo, é a poderosa e atual fábrica de angustias, pelo simples fato de não podermos.
Se mordermos a isca e acreditarmos em onipotência, como reagir diante de algo maior que nós, como a morte, por exemplo? Ou bem menor, como um vírus que nos colocou de joelhos por mais de dois anos? Geralmente, é de joelhos que refletimos sobre nossas escolhas e suas consequências. Para a psicanálise, a angustia é um sentimento legítimo como qualquer outro, e tem algo a nos ensinar, algo geralmente bem importante sobre nós mesmos, Acolher e ressignificar nossas emoções não nos tornará capazes de controlar acontecimentos inerentes a vida humana, mas nos fortalecerá para enfrentá-los.
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