“Influencers” do nosso desamparo
A mente humana não é apenas um fator interno, ela é também socialmente constituída. Fatores externos como ambiente, experiências, relacionamentos, laços familiares e cultura nos moldam.
Imagine uma criança, quando ao entrar na sala de aula, se depara com outros alunos levantando placas com “gosto” ou “não gosto” de você; como seria? Implicitamente sabemos que alguns são mais populares que outros, mas ser exposto cotidianamente a este teste, e suportar o julgamento que pode ser até anônimo?
Os humanos têm uma posição de desamparo, nascem prematuros biologicamente, não nascem prontos, não enxergam direito, não tem coordenação motora, levam um ano em média para ficar em pé e nascem dependentes de outros. Sem alguém que nos aqueça, alimente e proteja, não somos capazes de sobreviver, daí nossa primitiva necessidade de sermos amparados, reconhecidos e de existir para o outro. Essa relação fica mais complexa ao longo da vida e nos acompanhará para sempre.
Para a maioria, redes sociais tornam-se cada vez mais um mercado de troca no reconhecimento de valor social, passando a garantir o valor das pessoas através dos olhos dos outros. A existência se justifica, já que os conteúdos que atraem olhares admirados, são geralmente um olhar narcísico sobre si mesmo. Imagens podem provocar fantasias, pois são postados os melhores momentos e ângulos, que podem estar longe da verdade cotidiana. As pessoas assistem com admiração a vida do outro, julgando desinteressante a própria e gerando muitos sentimentos, os dois mais básicos: ansiedade e angústia.
Sentimentos estes, que são a base de todos os conflitos que o senso comum conhece: distúrbios de atenção, pânico, depressão, TOC, transtornos de humor e tantos outros.
Quais são as perdas e ganhos dessa nova realidade? Como atender o desejo de reconhecimento, caminhando lado a lado com o risco de críticas constantes?
É este caminho que a psicanálise percorre: tornar consciente quem somos e qual lugar ocupamos na sociedade e em nossa própria vida.
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